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Não acabou: um ano após a maior tragédia climática do Brasil, ACNUR segue no RS x3r2g

Histórias

Não acabou: um ano após a maior tragédia climática do Brasil, ACNUR segue no RS 44s1w

O Rio Grande do Sul ainda tem um longo caminho para se recuperar dos danos causados pelas inundações, que podem se repetir. A Agência da ONU para Refugiados consolida presença no estado em apoio à população afetada e refugiados
30 Abril 2025
Equipe do ACNUR conversa com abrigados no abrigo CHA Recomeço em Canoas (RS)

Equipe do ACNUR conversa com abrigados no abrigo CHA Recomeço em Canoas (RS)

A noite de 2 de maio de 2024 mudou para sempre a vida de Miryan Ávila Gutierrez. Essa seria a segunda vez que a venezuelana seria forçada a largar tudo e abandonar seu lar. Quando as fortes chuvas começaram a inundar sua casa, no bairro do Sarandi, em Porto Alegre, ela e seus dois filhos saídam de casa às pressas. “Meu filho começou a ter uma crise de pânico de tanto escutar: ‘Lá vem a água! Lá vem a água!’ – ele dizia: ‘Mamãe, nós vamos morrer afogados!’”

Miryan estava entre as mais de 600 mil pessoas que foram forçadas a se deslocar por causa do maior desastre climático da história do Rio Grande do Sul. Ao todo, quase 2,4 milhões de pessoas foram impactadas pelos eventos climáticos que resultaram em 183 mortes. Entre os afetados, estavam aproximadamente 43 mil refugiados e pessoas em necessidade de proteção internacional, a maioria venezuelanos (67%), haitianos (28%) e cubanos (3%).

A venezuelana Miryan foi duplamente afetada pelas enchentes: após deixar seu lar na Venezuela, perdeu sua casa que construiu no Brasil, no bairro Sarandi, no Rio Grande do Sul

”Se eu deixei tudo na Venezuela e comecei de novo, por que não posso recomeçar outra vez?“ A venezuelana Miryan foi duplamente afetada pelas enchentes: após deixar seu lar na Venezuela, perdeu sua casa que construiu no Brasil, no bairro Sarandi, no Rio Grande do Sul

Um ano após perder seu lar para as enchentes, as perspectivas de reconstrução de Miryan são bastante diferentes de quando foi forçada a sair de seu lar pela primeira vez, ainda na Venezuela, e chegou no Brasil pela fronteira em Roraima. Na época mãe solo, Miryan foi voluntariamente realocada para Porto Alegre, onde recebeu apoio para ar o mercado de trabalho, moradia, e pôde encontrar uma nova comunidade que, apenas cinco anos depois, seria tragicamente levada pela água.

“Depois de cinco anos da minha vida trabalhando duro para poder ter minha casa [no Brasil] e dar toda a estabilidade aos meus filhos, eu me perguntava ‘Meu Deus, mas por quê?’ Eu perdi tudo na Venezuela, e aqui também vou perder? Não pode ser”, contou em entrevista ao ACNUR em outubro ado. 

Apesar de pessoas refugiadas terem sido duplamente afetadas pelas enchentes, a resposta emergencial em apoio ao governo local do ACNUR incluiu apoio e suprimentos de emergência também para comunidades de acolhida brasileiras.

Danubia Maiara Nunes do Amaral, que vivia numa região ribeirinha de Canoas (RS), junto do marido e das três filhas, Aurora, Sofia e Bella, foi transferida para o Centro Humanitário de Acolhimento (CHA) Recomeço, na mesma cidade após viver dois meses em um abrigo coletivo improvisado no Centro Olímpico de Canoas (RS).

A brasileira Danubia Maiara Nunes do Amaralas filhas Aurora, Sofia e Bella moraram no abrigo Recomeço a partir de julho de 2024, após perderem sua casa devido às enchentes

A brasileira Danubia Maiara Nunes do Amaralas filhas Aurora, Sofia e Bella moraram no CHA Recomeço a partir de julho de 2024, após perderem a casa devido às enchentes

O CHA Recomeço, que foi gerido pela Agência da ONU para Migrações (OIM) e recebeu unidades habitacionais de emergência fornecidas pela Agência da ONU para Refugiados tornou-se uma opção segura para que famílias tivessem privacidade em um momento de profundo desespero. Ao todo, o ACNUR disponibilizou 308 casas para atender as pessoas desabrigadas do estado.

Para a família de Danubia Maiara, ar a viver em uma dessas casinhas, por mais que seja uma solução temporária, fez uma diferença enorme. “Lá (no Centro Olímpico) não tinha essa privacidade que a gente tem aqui. Para nós, isso é muito importante porque a gente tem três meninas. Nos primeiros dias, ficamos com 600 pessoas no abrigo, sem saber quem eram. Eu dormia de um lado das meninas e meu marido dormia do outro. Foi uma maneira de a gente se proteger e protegê-las”, explica.

Durante a emergência, o ACNUR realizou escuta ativa das comunidades afetadas, capacitação de equipes locais e promoção da inclusão social e econômica de pessoas refugiadas. Além disso, a organização apoiou o estado e municípios na criação de planos de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

Graças ao apoio também do setor privado, foi possível distribuir mais de 17 toneladas de itens de ajuda humanitária (como cobertores, kits de higiene, redes mosquiteiras, utensílios de cozinha e lâmpadas solares), além de oferecer assistência financeira direta a 1.219 famílias.

As fortes chuvas e o transbordamento dos rios causaram um desastre catastrófico no Rio Grande do Sul há 1 ano: mais de 2,4 milhões de pessoas afetadas, 183 mortos e mais de 600.000 desabrigadas. 96% dos municípios do estado foram afetados, juntamente com estradas, redes de água e telecomunicações. Hoje, um ano depois, as consequências ainda estão presentes.

A capacidade ágil de resposta emergencial do ACNUR é possível graças à existência de itens previamente armazenados em estoques e centros logísticos pelo mundo, garantindo que O ACNUR envie ajuda humanitária em até 72 horas após declarada uma emergência. Há um ano, o ACNUR conseguiu rapidamente mobilizar recursos e equipe para apoiar brasileiros e refugiados no Rio Grande do Sul.

O contexto seria muito distinto caso uma nova tragédia acontecesse agora, em que cortes brutais de financiamento no setor humanitário estão colocando milhões de vidas em risco. A atual crise de financiamento humanitário está tendo consequências devastadoras para pessoas refugiadas em todo o mundo. Assim, o ACNUR precisa, mais do que nunca, de apoio para responder a emergências como essa no futuro.

Faça agora mesmo uma doação e ajude a salvar vidas.