“Viemos da guerra e precisamos de amor, de ajuda”, diz refugiada afegã 1f694a

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A postura altiva e sensível de Sabera Rezaie, 38 anos, é um indício da vida profissional que ela levava no Afeganistão. “Trabalhei como policial no parlamento afegão por 16 anos, além de atender como parteira.” No Brasil, mesmo que de outras formas, Sabera segue trabalhando para garantir a segurança e o acolhimento de seus conterrâneos.
Ela chegou ao Brasil para reescrever a vida em uma nova direção com a família em 2021. Até agosto de 2023, o Brasil autorizou 12.399 vistos humanitários para essa população, e mais de 6 mil refugiados do Afeganistão chegaram até aqui.
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Quando Sabera desembarcou em Guarulhos, a pandemia do coronavírus ainda matava mais de 16 mil pessoas mensalmente e muitos estabelecimentos estavam fechados, o que dificultou o processo de integração da família.
“Tivemos dificuldades de adaptação na questão dos costumes, porque somos islâmicos e aqui é diferente. Além do português, que é muito difícil. Achei que não fosse conseguir aprender”, lembra. No entanto, com persistência e ajuda de outras pessoas, Sabera não só dominou a língua, como hoje é tradutora e mediadora de persa afegão para português e vice-versa.
Acolhimento essencial 723us
Os desafios enfrentados por Sabera e sua família ao chegar ao Brasil são comuns entre pessoas refugiadas do Afeganistão. A acolhida emergencial oferecida pelo ACNUR e seus parceiros leva abrigamento, auxílio com documentação, informação e aulas de português a essas pessoas, até que possam atingir autonomia e contribuir com seus talentos e experiência profissional no mercado de trabalho brasileiro.
Você pode ajudar refugiados afegãos no Brasil: doe agora!
“Foi no Paquistão que conseguimos o visto humanitário”, conta Sabera. Graças a um primo que já morava no Brasil, ela e a mãe, dois irmãos, a cunhada e os sobrinhos descobriram sobre o visto concedido pelo Brasil e tiveram um local para morar logo na chegada.
“O Brasil é um país muito bom para os refugiados, todas as pessoas aqui são muito gentis. As pessoas, o governo, todos são muito bons para nós. Muito obrigada, governo do Brasil!”
Mesmo chegando em meio à pandemia, ela se sentiu amparada. “Nossos vizinhos começaram a falar com a gente e nos ajudaram muito, ofereceram apoio.”

Uma nova carreira ajudando outros afegãos 1j582r
Sabera estudou português primeiramente com ajuda de vídeos do YouTube. Depois, fez um curso da organização social Comiva. “Era muito longe. Eu moro em Guarulhos e levava duas horas de condução. Depois de três meses, comecei a falar melhor”, explica.
Nessa época, ou a procurar trabalho e, alguns meses depois, foi contratada para trabalhar como mediadora cultural, dando auxílio a outros afegãos por meio de iniciativa conduzida em parceria entre a Cáritas e o ACNUR.
“Eu traduzo tudo para o persa e explico todos os trâmites necessários para vacina, saúde, escola... Para o que eles precisarem, eu estou aqui e ofereço apoio. Nós viemos da guerra e precisamos de amor, de ajuda.”
Hoje, Sabera é uma das principais lideranças afegãs em São Paulo, apoiando a integração de refugiados que encontraram no Brasil a possibilidade de reescrever suas vidas em uma nova direção.
Casamento brasileiro 2b6s49
Lidando com tantos desafios no caminho, sendo forçada a sair do Afeganistão, ela teve uma grata surpresa no Brasil. “Eu me casei com um afegão que conheci no aeroporto. Descobrimos que estávamos no mesmo grupo de WhatsApp de ativistas contra o genocídio dos Hazara (minoria étnica do Afeganistão que sofre com perseguições e xenofobia dentro do país)”, revela
“Vi que ele é boa gente e me interessei.” Dois anos após a chegada ao Brasil, Sabera se casou com Mehran, e o casal está de mudança para um novo apartamento em Guarulhos.

Apesar de já considerar o Brasil como seu novo lar, a afegã sente profundamente pelos entes queridos que não vieram com ela para cá. “A coisa mais importante que eu trouxe foi minha família, mas muitas pessoas ficaram para trás”, explica.
“Estamos tentando trazê-las, mas há muitas dificuldades. Não aqui, mas lá. É muito difícil sair, o visto está muito caro e os agendamentos muito concorridos nas embaixadas.” Sabera se mantem otimista em relação ao futuro, quer voltar a estudar e trabalhar como parteira. Mas não descarta o sonho de retornar para o Afeganistão.
“Eu gostaria de acordar um dia e descobrir que posso voltar para casa.”
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) lidera a resposta emergencial de acolhida a pessoas refugiadas do Afeganistão no Brasil, fornecendo abrigo, ajuda humanitária, aulas de português e apoio para que elas se integrem ao país. Você pode fazer parte dessa missão: saiba mais e doe agora. Não perca também a chance de aquecer o coração de refugiados recém-chegados e deixe uma mensagem de boas-vindas para eles.